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domingo, 19 de maio de 2019
quinta-feira, 11 de abril de 2019
domingo, 8 de abril de 2012
Jambudvipa
A mente humana naturalmente
curiosa anseia compreender o universo e o lugar do homem nele. Hoje os
cientistas dependem de telescópios potentes e sofisticados computadores para
formular teorias cosmológicas. Em tempos antigos, as pessoas recebiam a informação
de livros da sabedoria tradicional. Os seguidores da cultura antiga da Índia,
por exemplo, aprendiam sobre o universo em escrituras como o Srimad-Bhagavatam,
ou Bhagavata Purana. Mas a descrição do universo contida no Bhagavatam
frequentemente desconcerta o moderno estudante da literatura védica. Aqui o
cientista Dr. Richard Thompson, do Bhaktivedanta Instituto, sugere um quadro
para a compreensão das descrições do Bhagavatam que combinam com as
experiências e descobertas modernas.
Jambudvipa: O Srimad-Bhagavatam
descreve que o universo está dentro de uma série de conchas esféricas que estão
divididas em duas partes por uma terra plana chamada Bhu-mandala. Uma série de
dvipas, ou "ilhas", e os oceanos compõem Bhu-mandala. No centro da
Bhu-mandala encontra-se a “ilha” circular de Jambudvipa, cuja característica
mais proeminente é o Monte Meru, em forma de cone. A ilustração principal aqui
mostra uma visão mais próxima do Jambudvipa e na base do Monte Meru.
O Srimad Bhagavatam apresenta
uma concepção geocêntrica do cosmos. À primeira vista a cosmologia parece
estranha, mas um olhar mais atento revela que a cosmologia do Bhagavatam não só
descreve o mundo de nossa experiência, mas que apresenta também uma muito maior
e mais completa imagem cosmológica. Vou explicar. O modo de apresentação do
Srimad-Bhagavatam é muito diferente da abordagem moderna que nos é familiar.
Embora o Bhagavatam da "Terra" (em forma do disco Bhu-mandala) possa
parecer irrealista, um estudo cuidadoso mostra que o Bhagavatam Bhu-mandala é
utilizado para representar, pelo menos, quatro razoáveis e coerentes modelos:
(1) um mapa do globo terrestre numa projeção polar, (2) um mapa do sistema
solar (3), um mapa topográfico do centro-sul da Ásia, e (4) um mapa do reino
celestial dos semideuses. Caitanya Mahaprabhu comentou, "Em cada verso do
Srimad-Bhagavatam e em cada sílaba, existem vários significados."
(Caitanya-caritamrita, Madhya 24.318) Isto parece ser verdadeiro, em especial,
na seção cosmológica do Bhagavatam, e é interessante ver como podemos expor e
esclarecer alguns dos significados tendo como referência a astronomia moderna.
Figura 1
Quando uma estrutura é utilizada
para representar várias coisas em um mapa composto, pode haver aparentes
contradições. Mas estas não causam problemas se nós entendemos a intenção
subjacente. Podemos traçar um paralelo com pinturas medievais retratando várias
partes de uma história em uma composição. Por exemplo, Masaccio, na pintura
"Tributo em dinheiro" (Figura 1) mostra São Pedro em três partes de
uma história bíblica. Vemo-lo recebendo uma moeda por um peixe, falando com
Jesus e pagando um tributo a um coletor de impostos. A partir de uma
perspectiva literal é contraditório ver São Pedro fazendo três coisas ao mesmo
tempo. Porém cada fase da história bíblica faz sentido no seu próprio contexto.
Figura 2
Uma pintura similar da Índia
(Figura 2) mostra três partes de uma história de Krishna. Essas pinturas contêm
contradições aparentes, tais como imagens de um personagem em diferentes
lugares, mas isso não incomodará uma pessoa que entenda a linha da história. O
mesmo acontece com o Bhagavatam, que utiliza um modelo para representar
diferentes características do cosmos.
O Bhagavatam à primeira vista
O Quinto Canto do
Srimad-Bhagavatam fala de inumeráveis universos. Cada um está contido em uma
concha esférica circundada por camadas de material elementar que marcam a
fronteira entre o espaço mundano e o ilimitado mundo espiritual.
A região no interior da esfera (Figura 3) é chamada de Brahmanda, ou "Ovo Brahma ovo". Ela contém um disco da Terra ou um plano chamado Bhu-mandala que a divide em uma parte superior, a metade celestial e uma metade subterrânea, cheia de água. A Bhu-mandala está dividida em uma série de características geográficas, tradicionalmente chamada dvipas, ou "ilhas", varshas, ou "regiões", e os oceanos. No centro da Bhu-mandala (Figura 4) está a "ilha" circular de Jambudvipa, com nove subdivisões varsha. Estas incluem a Bharata-varsha, que pode ser entendida em um sentido como a Índia e, em outro, como a área total habitada por seres humanos. No centro da Jambudvipa ergue-se a Montanha Sumeru, em forma de cone, o que representa o .mundo e é encimada pelo eixo da cidade de Brahma, o criador do universo.
A região no interior da esfera (Figura 3) é chamada de Brahmanda, ou "Ovo Brahma ovo". Ela contém um disco da Terra ou um plano chamado Bhu-mandala que a divide em uma parte superior, a metade celestial e uma metade subterrânea, cheia de água. A Bhu-mandala está dividida em uma série de características geográficas, tradicionalmente chamada dvipas, ou "ilhas", varshas, ou "regiões", e os oceanos. No centro da Bhu-mandala (Figura 4) está a "ilha" circular de Jambudvipa, com nove subdivisões varsha. Estas incluem a Bharata-varsha, que pode ser entendida em um sentido como a Índia e, em outro, como a área total habitada por seres humanos. No centro da Jambudvipa ergue-se a Montanha Sumeru, em forma de cone, o que representa o .mundo e é encimada pelo eixo da cidade de Brahma, o criador do universo.
Para qualquer pessoa educada
modernamente, isso soa como ficção científica. Mas é? Vamos considerar as
quatro formas de ver a descrições das Bhu-mandala contidas no Bhagavatam.
Figura 3
Figura 4
Começamos por discutir a
interpretação da Bhu-mandala como uma planisfera, ou uma projeção polar do mapa
do globo terrestre. Este é o primeiro modelo fornecido pela Bhagavatam. A
projeção estereográfica é um antigo método de mapeamento de pontos sobre a
superfície de uma esfera para produzir pontos equivalentes em um plano. Podemos
usar este método para mapear um globo terrestre moderno em um plano
bidimensional, e a projeção plana resultante é chamada planisfera (Figura 5).
Podemos igualmente ver a Bhu-mandala como uma projeção estereográfica de um
globo (Figura 6).
Figura
5
Figura 6
Na Índia, tais globos existem.
No exemplo aqui mostrado (Figura 7), a área da terra entre o equador e a
montanha é o Bharata arco-varsha, correspondendo à Índia maior. A Índia é bem
representada, mas à exceção de algumas referências à vizinhança, este mundo não
fornece um mapa realista da Terra. O seu objetivo era astronômico, e não
geográfico.
Embora o Bhagavatam não descreva
explicitamente a Terra como um globo, o faz indiretamente. Por exemplo, ao
salientar que a noite aparece em posição diametralmente oposta a um ponto em
que é dia. Do mesmo modo, o sol se põe em um ponto oposto ao que ele nasce.
Assim, o Bhagavatam não apresenta a ingênua opinião de que a Terra é plana.
Podemos comparar a Bhu-mandala
com um instrumento astronômico chamado astrolábio, popular na Idade Média. No
astrolábio, um círculo fora do centro representa a órbita do sol, a eclíptica.
A Terra é representada em projeção estereográfica sobre uma placa plana,
chamado de mater (ou madre). O círculo elíptico e as estrelas importantes são
representadas em outro disco, chamado de rete (ou aranha). Diferentes órbitas
planetárias poderiam também ser representadas por diferentes discos, e estas
seriam vistas projetadas sobre o disco da Terra quando olhássemos por baixo do
instrumento. O Bhagavatam similarmente apresenta as órbitas do Sol, da Lua, dos
planetas e das estrelas mais importantes sobre uma série de planos paralelos ao
Bhu-mandala.
Ver o Bhu-mandala como uma
projeção polar é um exemplo de como ele não representa uma Terra plana.
Bhu-mandala como um Mapa do
Sistema Solar.
Eis uma outra maneira de olhar
para Bhu-mandala, que também mostra não se tratar de um modelo da Terra plana.
Descrições do Bru-mandala tem características que o identificam como um modelo
do sistema solar. Na seção anterior eu intrepretei o Bhu-mandala como um mapa
em forma de planisfera. Mas, agora, nós vamos tomá-lo literalmente como um
plano. Quando fazemos isso, parece inicialmente que estamos de volta à ingênua
ideia de terra plana, com uma cúpula celeste em cima e outra embaixo do mundo.
Os estudiosos Giorgio de Santillana e Hertha von Dechend realizaram um intenso
estudo de mitos e tradições, e concluíram que a chamada Terra plana de tempos
antigos originalmente representava o plano da eclíptica (a órbita do sol) e não
a Terra em que estamos. Mais tarde, segundo Santillana e von Dechend, a compreensão
cósmica original da Terra aparentemente foi perdida, e a a Terra sob nossos pés
foi tomada literalmente como uma placa plana. Na Índia, a terra dos Puranas tem
sido muitas vezes tida como literalmente plana. Mas os detalhes oferecidos no
Bhagavatam mostram que a sua cosmologia é muito mais sofisticada. Não apenas o
Bhagavatam utiliza o modelo eclíptico, mas significa que o disco de Bhu-mandala
corresponde, em alguns detalhes, ao sistema solar (Figura 8). O sistema solar é
quase plano. O sol, a lua e os cinco planetas conhecidos tradicionalmente, de
Mercúrio até Saturno, orbitam quase todos no plano da eclíptica. Assim o
Bhu-mandala faz referência a algo plano, mas não é a Terra.
Figura 8
Uma característica marcante das
descrições do Bhagavatam tem a ver com tamanho. Se compararmos o Bhu-mandala
com a Terra, o sistema solar até Saturno, e a Via Láctea, o Bhu-mandala combina
aproximadamente com o tamanho do sistema solar, embora a Terra e a galáxia
sejam radicalmente diferentes no tamanho. Além disso, as estruturas do
Bhu-mandala correspondem às órbitas dos planetas do sistema solar (Figura 9).
Figura
9
Figura 10
Se compararmos os anéis de
Bhu-mandala com as órbitas de Mercúrio, Vênus (figura 10), Marte, Júpiter,
Saturno, encontramos várias coincidências que dão peso à hipótese de que o
Bhu-mandala foi deliberadamente concebido como um mapa de o sistema solar.
Até tempos recentes, os astrônomos geralmente subestimavam a distância da Terra
ao sol. Em particular, Cláudio Ptolomeu, o maior astrônomo da antiguidade
clássica, subestimou seriamente a distância da Terra ao Sol e o tamanho do
sistema solar. É notável, portanto, que as dimensões da Bhu-mandala no
Bhagavatam são coerentes com os dados modernos sobre o tamanho do sol e da
órbita do sistema solar como um todo. [Ver BTG, nov. / dez. 1997].
Jambudvipa como um mapa topográfico do Sul da Ásia Central
Jambudvipa, a plataforma central do Bhu-mandala, pode ser entendida como um mapa topográfico local de uma parte do centro-sul da Ásia. Esta é a terceira das quatro interpretações do Bhu-mandala. Na interpretação como planisfera, Jambudvipa representa o hemisfério norte do planeta Terra. Mas as características geográficas detalhadas de Jambudvipa não coincidem com a geografia do hemisfério norte. Combinam, porém, com uma parte da Terra.
Jambudvipa, a plataforma central do Bhu-mandala, pode ser entendida como um mapa topográfico local de uma parte do centro-sul da Ásia. Esta é a terceira das quatro interpretações do Bhu-mandala. Na interpretação como planisfera, Jambudvipa representa o hemisfério norte do planeta Terra. Mas as características geográficas detalhadas de Jambudvipa não coincidem com a geografia do hemisfério norte. Combinam, porém, com uma parte da Terra.
Figura 11
Seis cadeias montanhosas
horizontais e duas verticais dividem Jambudvipa em nove regiões, ou varshas
(figura 11). A região sul é chamada de Bharata-varsha. Um estudo cuidadoso
mostra que este mapa corresponde à Índia, mais as áreas adjacentes do
centro-sul da Ásia. O primeiro passo para fazer esta identificação é observar
que o Bhagavatam assinala muitos rios na Índia da Bharata-varsha. Assim
Bharata-varsha representa a Índia. O mesmo pode ser dito de muitas montanhas em
Bharata-varsha. Em particular, a localização do Himalaia, no Bhagavatam, ao
norte de Bharata-varsha em Jambudvipa (figura 11) Um estudo detalhado do Puranic
permite que outras cadeias de montanhas de Jambudvipa possam ser identificadas
com cadeias de montanhas da região norte da Índia. Embora esta região inclua
alguns dos mais desolados e montanhosos países do mundo, a região foi muito
importante nos tempos antigos. Por exemplo, o célebre caminho da seda passa por
esta região. As montanhas Pamir podem ser identificadas com o Monte Meru, e
Ilavrita-varsha como o quadrado no centro da região Jambudvipa. (Note que o
Monte Meru não representa o eixo polar nesta interpretação.) Outros Puranas dão
mais detalhes geográficos que apoiam esta interpretação.
Bhu-mandala como um mapa do reino celestial do Devas.
Podemos compreender também
Bhu-mandala como um mapa do reino celestial dos semideuses, ou devas. Uma
característica curiosa da Jambudvipa é que o Bhagavatam descreve todas as
varshas, exceto a Bharata-varsha, como reinos celestiais, onde os habitantes
vivem por dez mil anos sem sofrimento. Isto levou alguns estudiosos a supor que
os indianos costumavam imaginar terras estrangeiras como paraísos celestes. Mas
o Bhagavatam faz referência a povos bárbaros fora da Índia, como hunos, gregos,
turcos e mongóis, os quais dificilmente pensariam estar vivendo no paraíso. Uma
maneira de contornar isso é supor que Bharata-varsha inclui todo o globo
terrestre, enquanto os outros oito reinos celestiais varshas remetem para fora
da Terra. Este é um entendimento comum na Índia.
Mas a explicação mais simples
para as características celestiais de Jambudvipa é que o Bhu-mandala também foi
destinado a representar o reino dos devas. Tal como as outras interpretações
que nós temos considerado, esta é baseada em um grupo de pontos coerentes na
cosmologia do Bhagavatam.
Antes de tudo, considere a
grande dimensão das montanhas e terrenos nas áreas de Jambudvipa. Por exemplo,
diz-se que a Índia tem 72.000 milhas (9.000 yojanas) de norte a sul, ou quase
três vezes a circunferência da Terra. Da mesma forma, diz-se que os Himalaias
teriam 80,000 milhas de altura.
Figura 12
As pessoas na Índia, em tempos
antigos, costumavam peregrinar a pé de uma extremidade à outra da Índia, assim
sabiam a sua extensão. Porque o Bhagavatam fornecia estas distâncias
irrealistas? A resposta é que o Jambudvipa reproduz o modelo da esfera celeste,
no qual tudo está em uma escala superhumana. O Bhagavatam retrata que os
semideuses e outros seres divinos que habitavam o reino seriam proporcionalmente
grandes. A Figura 12 mostra o Senhor Siva, em comparação com a Europa, de
acordo com um texto do Bhagavatam.
Porque o Bhagavatam descreve
Jambudvipa tanto como parte da terra quanto como parte do reino celestial?
Porque há uma conexão entre os dois. Para entender, vamos considerar a idéia de
mundos paralelos Para os siddhis, ou perfeição mística, nós podedemos pegar um
atalho através do espaço. Isto é ilustrado por uma história do Bhagavatam em
que o místico yogue Citralekha abduz Aniruddha de sua cama na Dvaraka e
transporta-a misticamente para uma cidade distante (Figura 13). Além de
mover-se de um lugar para outro no espaço comum, o místico siddhis é capaz de
viajar em todo o éter ou entrar em outro continuum. O clássico exemplo de um continuum
paralelo é o transcendental reino Krishna de Vrindavana, que se diz expandir
ilimitadamente e de existir em paralelo com o finito terreno Vrindavana na
Índia.
Figura 13
A literatura em Sânscrito tem
abundantes histórias de mundos paralelos. Por exemplo, o Mahabharata conta a
história de como a princesa Naga Ulupi raptou Arjuna enquanto ele foi tomar
banho no rio Ganges (figura 14). Ulupi o puxou para baixo, não ao leito do rio,
como seria de esperar, mas para o reino dos Nagas (seres celestiais em forma de
serpente), que existe em outra dimensão. Viagens místicas explicam como os
mundos dos devas estão ligados com o nosso mundo. Em particular, ele explica
como Jambudvipa, sendo um reino celestial de devas, está conectado com
Jambudvipa como a Terra ou parte da Terra. Assim, o duplo modelo de Jambudvipa
faz sentido em termos da compreensão Puranica dos siddhis.
Concluindo as Observações: A
dimensão vertical na Cosmologia Bhagavata
Durante séculos, a cosmologia do Bhagavatam tem parecido incompreensível para a maioria dos observadores, incentivando muitas pessoas a rejeitá-la sumariamente ou a aceitá-la literalmente, com inquestionável fé. Se levarmos isso literalmente, a cosmologia do Bhagavatam não só difere da astronomia moderna, mas, mais importante, ela também sofre de contradições internas e de violações do senso comum. Estas próprias contradições, no entanto, apontam o caminho para um entendimento diferente da cosmologia Bhagavata, a qual surge como um profundo e cientificamente sofisticado sistema de pensamento. As contradições mostram que elas são causadas pela sobreposição de interpretações auto-consistentes que usam os mesmos elementos textuais para expor idéias diferentes. Cada uma das quatro interpretações que apresentamos merece ser levada a sério, porque cada uma é apoiada por muitos pontos do texto que são consistentes com outros, enquanto não contrariam a astronomia moderna. Eu apliquei o contexto-sensível ou a abordagem em aspectos múltiplos, na qual o mesmo assunto tem diferentes significados em diferentes contextos. Esta abordagem permite a maior quantidade de informações que devem ser armazenadas em uma imagem ou texto, reduzindo o trabalho exigido pelo artista ou escritor. Ao mesmo tempo, isso significa que o trabalho não pode ser tomado literalmente como um modelo da realidade, e exige que o espectador ou leitor compreenda os diferentes contextos relevantes. Isto pode ser difícil quando o conhecimento do contexto é perdido ao longo de grandes períodos de tempo.
Durante séculos, a cosmologia do Bhagavatam tem parecido incompreensível para a maioria dos observadores, incentivando muitas pessoas a rejeitá-la sumariamente ou a aceitá-la literalmente, com inquestionável fé. Se levarmos isso literalmente, a cosmologia do Bhagavatam não só difere da astronomia moderna, mas, mais importante, ela também sofre de contradições internas e de violações do senso comum. Estas próprias contradições, no entanto, apontam o caminho para um entendimento diferente da cosmologia Bhagavata, a qual surge como um profundo e cientificamente sofisticado sistema de pensamento. As contradições mostram que elas são causadas pela sobreposição de interpretações auto-consistentes que usam os mesmos elementos textuais para expor idéias diferentes. Cada uma das quatro interpretações que apresentamos merece ser levada a sério, porque cada uma é apoiada por muitos pontos do texto que são consistentes com outros, enquanto não contrariam a astronomia moderna. Eu apliquei o contexto-sensível ou a abordagem em aspectos múltiplos, na qual o mesmo assunto tem diferentes significados em diferentes contextos. Esta abordagem permite a maior quantidade de informações que devem ser armazenadas em uma imagem ou texto, reduzindo o trabalho exigido pelo artista ou escritor. Ao mesmo tempo, isso significa que o trabalho não pode ser tomado literalmente como um modelo da realidade, e exige que o espectador ou leitor compreenda os diferentes contextos relevantes. Isto pode ser difícil quando o conhecimento do contexto é perdido ao longo de grandes períodos de tempo.
No Bhavagatam, a abordagem do
contexto-sensível foi considerada apropriada pela convicção de que a realidade,
em última análise, é avak-manasam, ou fora do alcance da mente ou palavras
mundanas. Isto implica que um modelo literal da realidade é inatingível e
poderá conter tantos significados quanto for possível numa descrição
necessariamente incompleta do universo. A cosmologia do Bhagavata Purana é um
sofisticado sistema de pensamento, com múltiplas camadas de significados, tanto
físicos quanto metafísicos. Ela combina o conhecimento da astronomia com a
concepção espiritual para produzir uma imagem significativa do universo e da
realidade.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Nama Sankirtana
Camadas de Beleza e Doçura
Sua Divina Graça
Srila Bhakti Raksak Sridhar Dev-Goswami Maharaj
Srila Bhakti Raksak Sridhar Dev-Goswami Maharaj
Através do agente do som podemos nos dirigir até a verdade. Som é o agente utilizado em todo lugar e em todos os casos. Assim, por que o som não seria o meio para se alcançar o espiritual? Através do agente do som, a minha mente deseja alcançar o lugar de origem da vibração sonora.
Aquele que tem de atingir a origem é mais sutil que o som. Som no sentido ordinário é algo muito grosseiro se comparado ao Jiva atma, à alma, o espírito. Mas este som é Vaikuntha-sabda (som espiritual), que é, em muito, mais sutil do que o som ordinário. Possui maior eficácia. E meu som é algo grosseiro comparado a ele. Ao tocar o meu ouvido, posso perceber que é muito sutil, e que eu sou grosseiro, considerando a mim mesmo como sendo um tanto de coisas materiais em volta da existência espiritual.
Quando este corpo não mais existir, esse som continuará. É imortal. Sua origem é Goloka, Vrindavan, o plano mais refinado que o mundo jamais conhecerá. O plano mais refinado a ser jamais conhecido. Sabemos a respeito da existência de um plano elétrico, de um plano etéreo, mas existem planos cada vez mais refinados.
Assim, o elemento mais refinado a ser conhecido pelo mundo é a camada de beleza e doçura e amor. Essa é a concepção de existência mais original a ser conhecida por qualquer consciência. Isso é universal.
O que é Consciência de Krishna?
No artigo a seguir Sua Divina Graça Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaja, nos dá uma reflexão fidedigna, sobre a Consciência de Krishna. Essas suas palavras foram compiladas no livro Atado pelo afeto, e encontra-se a partir da pág. 44 (da primeira edição em português).
Predicando a Consciência Divina
Na verdade, qual é o tema de nossa prédica? Muitos temas de espiritualistas foram descartados por Sri Cheitanya Mahaprabhu, pois Ele disse para não irmos nesta ou naquela direção, mas para nos dirigirmos rumo aos pés de lótus do Senhor Sri Krishna e nos oferecermos a Ele. Você deverá utilizar o seu tempo em serviço a Sri Krishna. Consciência de Krishna é ocupar-se no serviço a Sri Krishna até morrer. Sri Krishna nos deu a oportunidade de predicarmos tanto e sermos tão eruditos em todas as Escrituras, mas não é necessário a todos aprender todas as Escrituras. Sri Cheitanya Mahaprabhu disse que é necessário irmos para o mundo espiritual, e lá servirmos ao Senhor Sri Krishna. Essa é a meta da vida dos devotos e também das almas condicionadas. O Próprio Sri Cheitanya Mahaprabhu veio e disse: “O que você fará com todo o seu conhecimento? Se você não puder utilizar seu conhecimento no serviço a Sri Krishna, de que serve esse conhecimento?”
Estamos predicando tanto porque desejamos trazer as almas condicionadas aos pés de lótus de Sriman Cheitanya Mahaprabhu e também do Senhor Krishna. É por isso que predicamos, porque isso faz parte da Doce Vontade do Senhor. E qual é a prédica de Sriman Cheitanya Mahaprabhu? Trata-se da Busca Amorosa ao Servo Perdido. Somos todos servos perdidos e, por isso, quem tiver alguma Consciência de Krishna tentará se conectar na linha da Consciência de Krishna, conforme sua posição e condicionamento de sua Jiva (espírito, monada ou alma). Nada é muito difícil na Consciência de Krishna, que consiste numa vida de práticas adoráveis. Consiste de amor, afeto, beleza, encanto, de tudo, pois tudo existe plenamente dentro de Krishna. Ele é o empório de todo rasa (encanto, prazer, beleza), e nós estamos buscando por rasa. Assim estamos reunindo nossos amigos para irmos para aquela morada do Senhor Krishna, para servir a Krishna. Não é necessário sabermos tudo; somente é preciso saber nadar o suficiente para cruzar o rio. Não existe alternativa para a Jiva condicionada.
Somente é preciso cantar o Nome Divino do Senhor – que é uma forma não diferenciada do Próprio Senhor e uma forma de Vibração Transcendental – e prosseguir na linha da Consciência de Krishna. Não é necessário saber tudo. Mas quem for um instrutor, às vezes poderá ser qualificado com conhecimento escritural para ser capaz de predicar. A vontade do Senhor Krishna é que também busquemos por Ele. Esse é o desejo de Sri Krishna. Assim tentaremos praticar e prosseguir rumos ao mundo transcendental e levaremos nossos amigos e nossa família conosco. Essa é a meta de nossa vida. Tentaremos dessa maneira até a morte.
Mas o principal é o serviço. Por que serviremos? Porque desejamos amor, desejo, e tudo isso existe em Krishna. Ofereceremos tudo aos pés de lótus de Sri Krishna: nosso amor nossa devoção... A devoção é vital para amarmos a Sri Krishna. Tente aprender como amar a Sri Krishna, como servir a Sri Krishna. Numa palestra dada por Srila Prabhupad Bhaktisiddhanta, ele disse que nossa intenção deverá estar sempre focada no serviço a Krishna, com afeto pleno, com amor pleno, com respeito pleno. Essa é a meta de nossa vida. O sacrifício do sankirttan (canto congregacional dos Santos Nomes de Sri Krishna) nos dará a força, e nos adequara para os serviços ao Senhor Krishna.
Finalmente, o Nama Sankirttan pode resgatar a todas as jivas deste mundo material, levando ao mundo do serviço transcendental. Sri Cheitanya Mahaprabhu disse que este é o dharma (religião, ocupação ou atividade espiritual) em Kali-Yuga (a atual Era da Desavença). Não há outro dharma. Cante os nomes do Senhor sem ofensas, seja feliz e prossiga rumo ao mundo do servir. É necessário servimos ao Senhor Krishna, pois esse é o objetivo de nossas vidas.
Jaya Guru Maharaja.
Jesus e o Vegetarianismo
“Minha família cita Jesus dizendo que não é o que entra pela boca...” para justificar comer carne. Como posso sentar à mesa com eles vendo-os comer carne e sangue?”
Aceite meus respeitos Vaishnavas.
Não sofram muito com essa história da carne. As pessoas que desejam comer carne o farão e encontrarão justificativa para isso em suas escrituras. Há religiões neste mundo de todos os níveis, até mesmo algumas que justificam matar seres humanos em sacrifício e comer pedaços de seu corpo.
Mas o exemplo vivo fala mais alto do que tudo que os apóstolos afirmaram que o Mestre Jesus disse muitas décadas depois que ele foi morto cruelmente pelo povo que veio tentar comover com sua mensagem de amor puro a Deus.
O ponto é que Jesus era ele mesmo vegetariano, por ter sido um judeu essênio (os essênios são vegetarianos até hoje). Ele se disse ser o “cordeiro de Deus” no meio de uma civilização que matava os cordeiros e os oferecia a Deus no altar de Mu para depois comê-los (sem o sangue, já que a Biblia afirma com todas as letras legíveis que “o sangue não é alimento para os homens”). Na Santa Ceia, Jesus substitui o sangue pela “vinha” e a carne pelo “pão”. E, como “cordeiro” de Deus, disse: “Este é meu corpo (o pão), comei, e este é meu sangue (a vinha), bebei.”
Mas aqueles que adquiriram o vício físico de comer sangue têm muita dificuldade para enxergar o mal (físico e espiritual) de matar (não matarás) uma criatura de Deus para comer pedaços de seu corpo morto e em putrefação.
Contudo, podemos nos sentar à mesa com pessoas que comem carne, que se intoxicam com as frutas fermentadas para enlouquecerem pouco a pouco, e que praticam outros atos prejudiciais à sua própria vida material e espiritual e não nos envolvermos nessas atividades, mas falarmos de Krishna para que eles desenovlvam sukriti (mérito espiritual) para que possam avançar no caminho da vida espiritual.
A afirmativa de que “Não é o que entra pela boca...” é facilmente contestada fora do foro escritural, pois o que entra pela boca contamina o corpo e a mentalidade do homem sim: bebidas alcoólicas são responsáveis pela propagação da degradação moral e pelo aumento da violência no temperamento humano, para não falar de outras drogas que a sociedade prefere manter na “ilegalidade”; além disso, ingerir veneno mata o homem.
Claro que Jesus fala de uma pureza interior que antecede a pureza dos hábitos externos ao mencionar que “Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias...” e apenas ser vegetariano não garante que a pessoa será do bem. Mas, pensamos que ser do bem inclui, entre tantas outras coisas, ser vegetariano e praticar, desse modo, o amar ao próximo (que inclui todas as criaturas de Deus).
Pela graça injustificada de Deus, obtivemos a associação de Mestres que nos permitem ter uma visão de que também sai da boca algo que se assemelha ao que entra pela boca, ou seja, quem consome cadáveres, mortos, defuntos, terá mau hálito, cáries e má digestão e falará palavras mortas, defuntas, sem vitalidade e sem verdadeiro amor. Como pode alguém falar em amor e não ter a sensibilidade de ver o sofrimento daquela criaturinha de Deus, chorando ao ser morta cruelmente, para satisfazer seu gosto pelo sangue? Como condenar a violência que grassa na sociedade humana e não perceber que ela se enraíza na violência que as pessoas servem no desjejum, no almoço e no jantar?
Como disse Leonardo da Vinci, “Um dia, os seres humanos terão a sensibilidade de perceber que matar um animal é igual a assassinar um ser humano, e todos se tornarão vegetarianos.”
A civilização Ocidental evoluiu um pouco nos últimos dois mil anos. Hoje, as pessoas não vão às arenas para ver pessoas devoradas por leões e nem povoam as beiras das estradas de homens pendurados em cruzes morrendo aos poucos. Hoje, podem obter informação científica dos malefícios de comer a carne dos animais repleta de sangue com suas toxinas, vacinas, hormônios e outros ingredientes prejudiciais à vida.
Mas, no momento em que forem tocadas por uma gota que seja do amor puro de um devoto puro por Krishna e por Suas belas criações, terão grande respeito pela vida e oferecerão a Krishna, antes de comer, até mesmo as frutas, legumes e grãos que precisam comer para manter-se vivo no dia a dia (“Eu vos dei as plantas que dão semente e frutos como alimento”).
Todas as criaturas de Deus merecem nosso afeto. E nós crescemos espiritualmente se formos capazes de nos relacionarmos com o meio ambiente de modo amoroso, humilde, respeitoso, sincero e por meio da fé nos ensinamentos mais elevados, independente de credo.
Afetuosamente,
Bhuvana Mohandas
O Verdadeiro Progresso é o Progresso do Espírito, a Jiva.
Srila Bhakti Raksaka Sridhar Dev Goswami Maharaja
Nós temos que abandonar o indesejável, a cobertura corpórea. Isso não é a Jiva (alma, monada ou espírito) certa. Morrer para viver. Morrer quer dizer abandonar o ego, e surgirá um magnífico eu interior. "Morrer para viver" significa matar o que somos agora. Devemos morrer a nossa personalidade presente. O velho conceito sobre nós mesmos é completamente falso. Temos que ter um novo nascimento. Aí vamos descobrir que nosso eu verdadeiro está nesse plano de imortalidade. Morrer primeiro. Mas depois no outro lado é nascimento, vida de verdade. Temos que eliminar primeiro a porção inferior; eliminar todos os enganos desta vida.
Por volta de 1934 durante a época de Srila Bhakti Sidhanta Prabhupada, conversei com um senhor em Kutan. Ele era seguidor de uma grande missão. Eles tinham grandes cartazes para o "Seva Asrama", e outras coisas de grande porte. Mas qualquer auditor que fosse lá poderia provar que eles estavam falidos. Eles não tinham nenhum capital, era uma coisa falsa, uma farsa. Não tinha nem riqueza nem bem-estar social. Eles não tinham nenhuma realidade para distribuir às pessoas. Eles eram uma fraude, mayavada. Eles davam uma dieta nociva aos pacientes, uma dieta insalubre; esse era o negócio deles.
Onde está o paciente? O paciente está dentro. A Jiva é o paciente. E eles ajudavam o corpo, independente do interesse da Jiva. Eles serviam ao corpo sem levar em conta o interesse da Jiva. E com essa ajuda arbitrária, o corpo vai mais e mais contra o interesse da Jiva.
Nós geralmente não organizamos nenhuma ajuda para os gundas (ladrões). Organizamos ajuda para estudantes, trabalhadores sociais, mas nunca para os gundas que são desorientados. Geralmente, todos os seres são desorientados; eles vivem a vida do descarado. Dar ajuda indiscriminada a eles sem mudar sua direção, é impulsioná-los para o inferno. Esse não é o objetivo correto, impulsionar para esse lado, para o perigo. A ajuda indiscriminada neste plano não ajuda em nada.
A pessoa tem que ter primeiro sambandha jñana, uma boa direção, o conceito correto do destino certo. Aí a ajuda terá alguma utilidade. De outro modo, sem a direção correta, é só capricho. Um impulso caprichoso não pode ajudar ninguém no caminho do progresso. Não é progresso verdadeiro.
Um senhor me disse certa vez em Madras, "Primeiro ajude os pacientes a manter o corpo e alma juntos. Depois você pode falar a eles sobre a verdade, sobre Hari (Deus), sobre consciência de Krishna. Se ele morrer, para quem você vai falar?” Eu respondi, "Suponha que haja fome e eu distribuo alguma comida. Há tantos a meu redor, para obter o alimento que distribuo. Alguém sai fora desse lugar. Será que devemos parar a distribuição de alimento e correr atrás dele? Ou devemos continuar a distribuição de comida para tantos outros? Será que devemos parar a distribuição e ir atrás dele? Há tantos seres vivos, e alguns morrem. Por isso que não devo correr atrás dos que morrem para trazê-los de volta ao corpo, e parar a minha distribuição de néctar para tantos. É desse jeito."
O que eles concebem como verdade é inverdade na real. Além do mais, o método que eles aceitam para ajudar outros é muito errado. É completamente errado. Eles não têm um diagnóstico verdadeiro, mas se ocupam intensamente em dar tratamentos e dietas. O diagnóstico é o mais importante. O que está errado conosco, qual deve ser nosso interesse, o supra-sumo da vida; isso deve ser definido primeiro. A questão da ajuda vem depois. A ajuda está disponível ou não, onde está a garantia? Como devemos definir o que é útil e o que não é útil?
O progresso tem que prosseguir na direção certa. E qual é a direção certa? Exploração máxima, exploração hábil, exploração irregular e exploração regular, isso é karma. E renúncia, jñana, é a coisa oposta. Exploração e renúncia; dois opostos. Mas deve-se achar uma terceira direção para conciliar todas as contradições.
Realidade é algo mais. Tad viddhi pranipatena pariprasnena sevaya upadeksyanti te jñanam jñaninas tattva-darsinah (Bhagavad-Gita 4.34). "Tente saber a verdade somente por se aproximar de um mestre espiritual. Pergunte a ele com submissão e preste-lhe serviço. O ser auto-realizado pode dar o conhecimento, pois ele vê a verdade"...
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
A partida de nosso amado Gurudeva
Calcutá, Índia.
Abaixo email recebido de Sripad Bhuvana Mohan Prabhu:
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga!
Queridos irmãos, irmãs, sobrinhos e sobrinhas espirituais:
Recebam meus respeitos Vaishnavas e meu afeto.
Nosso amado Srila Gurudeva Govinda Dev-Goswami Maharaj abandonou o seu corpo e encerrou Seus passatempos transcendentais neste mundo, em 26 de março, por volta das 20:00, tendo assim se reencontrado com Srila Guru Maharaj e seus amados Sri Sri Gaura Radha e Krishna.
Antes de ir embora e para deixar a Missão bem protegida, no dia de seu último aniversário, Srila Gurudeva reconheceu publicamente que o Sucessor Acharya do Sri Chaitanya Saraswat Math nomeado por ele mesmo é seu bem amado discípulo Srila Bhakti Nirmal Acharya Maharaj.
Assim, todos os devotos ligados à nossa Missão, estamos no aguardo dos eventos em torno do passamento de Srila Gurudeva na Índia e as instruções que virão de lá de Srila Acharya Maharaj.
Por agora, devemos buscar a associação dos irmãos e irmãs espirituais e glorificarmos nosso Srila Gurudeva que dedicou a sua vida inteira ao serviço amoroso, afetuoso ao extremo a seu Srila Guru Maharaj, Sridhar Dev-Goswami Maharaj.
Amanhã, sábado, estaremos nos reunindo em todos os centros da Missão Sri Chaitanya Saraswat Math no Brasil e no mundo todo para festejarmos o desaparecimento do Guru com cânticos,prasadam e a santa associação de uns com os outros.
Lembremos que o Guru não vai embora, ele continua a nos guiar através de seus livros, palestras e de seus discípulos pregadores da Consciência de Krishna. Assim, estaremos sempre próximos dele, permanecendo associados com os Vaishnavas de nossa Missão.
Srila Gurudeva tornou sua bandeira de pregação o segundo verso do Shiksastakam:
trinad api sunichena, taror api sahisnuna
amadena manadena, kirtaniya sadah hari
“Devemos ser mais humildes que a palha na rua, mais tolerantes que a árvore, livres do desejo por prestígio e prontos a oferecermos todas as honras aos outros. Desse modo, poderemos cantar os Santos Nomes do Senhor continuamente.”
Eu vivi a partida de Prabhupada (meu guru iniciador), de Guru Maharaj (meu siksa guru) e agora estou vivendo a partida de Srila Gurudeva (meu siksa-guru) e lembrando de Guru Maharaj posso dizer a vocês que “aqueles que forem sinceros jamais serão enganados”. Isso significa que o momento agora é de atma-niksepa, de auto-avaliação. Srila Guru Maharaj nos ensinou sobre isso, o que nos permitiu ganhar um ponto de vista impecável da consciência de um discípulo diante da partida do Guru deste mundo. Atma-niksepa significa que este é o momento de avaliarmos com toda honestidade: o que me atraiu nele, o que recebi dele, com que atitude recebi dele e o que vou fazer com o que recebi de meu Guru.
Vocês sempre podem contar comigo como um benquerente espiritual no caminho Vaishnava. Eu mesmo estarei sempre procurando por sua associação pois a associação Vaishnava garante a continuidade de nosso avanço na vida espiritual. E vocês sempre me encontrarão embaixo da bandeira do Sri Chaitanya Saraswat Math.
Com muito afeto
Bhuvana Mohandas
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